O holandês Eric de Haas é sem dúvida um importante nome na história do heavy metal no Brasil. Tendo iniciado sua carreira como fotógrafo de shows, com fotos publicadas em diversas revistas de rock e metal, sua vida mudou ao conhecer o Brasil, seu lar há 25 anos, e com isso a história do metal no Brasil também mudou. Em 1990 ele fundou em São Paulo a versão brasileira do lendário holandês Bar Dynamo, onde diversas bandas despontaram nos anos 80. Lançou no Brasil as revistas On&Off e Dynamite e realizou durante a década de 90 inúmeras turnês no Brasil de gigantes do metal mundial, e colaborou na primeira grande turnê do Sepultura como headliner no exterior, e na participação no festival Dynamo Open Air, um dos eventos metálicos de maior prestígio na época.
Ainda nos anos 90 Eric de Haas abriu em São Paulo a representação brasileira da Century Media, lançando aqui os CDs da gravadora e representando outros selos como SPV, Nuclear Blast e Sanctuary. Ao todo foram mais de 500 títulos lançados. Já na década seguinte, em 2004, Eric reabriu o bar Dynamo, e dois anos após trouxe a versão brasileira da revista Rock Hard, além de inaugurar a gravadora Dynamo Records, que em parceria com a Sanctuary Records lançou um acervo considerável de CDs no Brasil. Atualmente este incansável holandês é responsável pelas exportações e marketing dos amplificadores Meteoro no exterior, trabalhando nas maiores feiras de instrumentos musicais como NAMM nos EUA, Musikmesse Frankfurt na alemanha, NAMM/Musikmesse na Russia, Palm Expo em Beijing (China), Expomusic no Brasil e NAMM/Musikmesse em Shanghai (China).
Confira abaixo os primeiros contatos de Eric de Haas com a música, e os álbuns que marcaram sua vida.
Comecei a me interessar por música com cerca de 12 anos de idade, ouvindo bandas como Pink Floyd e Rolling Stones, seguidas de AC/DC e Deep Purple, mas foi após ouvir o primeiro disco do Iron Maiden, quando foi lançado, que me apaixonei por heavy metal mesmo, e comecei a procurar por mais bandas do estilo. No final dos anos setenta eu comecei a me interessar por fotografia e comprei uma câmera barata. Os primeiros shows em que fui foram os do Mother’s Finest e do Rolling Stones no final dos anos 70, ou talvez tenha sido 1980, não lembro. Levei a câmera e tirei muitas fotos. As fotos dos Rolling Stones ficaram realmente espetaculares e centenas de pessoas na Holanda me pediram cópias das mesmas, o que me incentivou a levar a câmera para todos os shows.
No início dos anos 80 foi criada a primeira revista de heavy metal na Holanda, a Aardschok, coincidentemente na minha cidade, e o dono, Metal Mike, e eu logo nos conhecemos. Quando ele viu as fotos me pediu para fotografar para a revista, o que acabou sendo o início de uma carreira, e dentro de pouco tempo a maioria das revistas européias e americanas de rock ou heavy metal começaram a usar as minhas fotos. Isso tudo durou até eu viajar para o Brasil em 1988, país pelo qual me apaixonei e para onde me mudei no mesmo ano, indo morar em São Paulo.
Pink Floyd – “Wish You Were Here”
De todos os discos do Pink Floyd que eu já tinha na epoca, o “Wish You Were Here” provavelmente é o que eu mais escutei. Na época do lançamento eu dei o LP de presente no aniversario da minha irmã sendo que fiz uma copia em fita cassete para mim mesmo. Passava as férias de verão em alguns campings no sul da França onde a fita foi tocada todos os dias muitas vezes.
Mother’s Finest – “Another Mother Further”
Disco do final dos anos setenta e a primeira a misturar funk com hard rock, depois deste lançamento lançaram mais um disco bom chamado “Metal”. Fora disso lançarem somente disco-funk o que eu como bom metaleiro, odiava na época.
Rainbow – “Rising”
O meu disco favorito para escutar, especialmente o lado B do LP, quando chegava em casa após uma bela noite de bebedeira. O som no volume 10 e com headphone, ate um dia em que esqueci de desligar os speakers e às 4 da manhã de um domingo acordei a casa inteira.
Iron Maiden – “Iron Maiden”
Quando passei pela vitrine da loja de discos da minha cidade vi a capa, que me chamou a atenção na hora. Entrei na loja e pedi para ouvir o disco, amei a energia, as melodias, e comprei o disco na hora. Meus pais já não aguentavam mais ouvir as músicas.
Mercyful Fate – “Mercyful Fate” (também conhecido por “Nuns Have No Fun”)
A banda veio da Dinamarca para gravar este mini disco de 4 faixas na Holanda, lançado por um selo pequeno da minha cidade. Claro que tocarem no clube Dynamo, em Eindhoven. Era o primeiro show da banda fora da Dinamarca. Um show antológico, e me apaixonei pela banda. Desde entao não posso perder mais nenhum dos discos gravados pelo mestre Kim Bendix Peterson, conhecido como King Diamond.
Dio – “Holy Diver”
O que dizer deste grande mestre. Todos os discos que ele fez sao ótimos, não tendo nenhum fraco. O mais engraçado é que não importa qual disco do Dio você escutou primeiro, como por exemplo “Holy Diver”, “Last In Line”, “sacred Heart”, mas aquela que você escutou primeiro será sempre o seu favorito do Dio. O meu fui o “Holy Diver”, outro disco que não saiu da minha vitrola.
Manowar – “Battle Hymns”
Este disco marcou muito. O disco apareceu e de cara ficou o disco mais tocado no nosso bar Dynamo na Holanda. Eu consegui contato com a banda e encomendei um grande patch para as costas, substituindo o já consagrado Eddie do Maiden. O disco virou uma marca, o ícone para os metaleiros da minha cidade.
Queensryche – “Queen of the Reich”
Depois do Manowar, a banda que mexeu muito comigo foi o Queensryche com este EP. Em seguida veio o primeiro LP completo e a turnê européia na qual eu seguia a banda pela Holanda e Alemanha onde pudesse.
S.O.D. – “Speak English Or Die”
Incrivel a energia posta neste disco. Resultado de uma brincadeira na sobra de tempo no estúdio após a gravação do disco “Spreading The Disease”, do Anthrax. O Anthrax havia terminado as gravações e estavam no estúdio comemorando com os amigos do Nuclear Assault e Billy Milano. Scott Ian havia feito desenhos do Sargent D e algumas frases irônicas a respeito. No estúdio brincaram com os instrumentos baseados nas frases e desenhos do Sgt D e assim em 3 dias compuseram e gravaram a maioria das músicas deste disco. Por incrível que pareça o disco na época causou mais impacto do que o lançamento do disco do Anthrax.
Sepultura – “Beneath The Remains”
Logo quando cheguei no Brasil o Sepultura estava no estúdio gravando o disco e algumas pessoas me disseram ser a melhor banda brasileira e que eu precisava ver. Fui ver as gravações deles no estúdio no Rio de Janeiro e posso dizer que me impressionei quando o disco ficou pronto. Amo o disco ate hoje.
Krisiun – “Black Force Domain”
Acredito que na época quase todas as bandas brasileiras me procuravam para me mostrar suas demos, e em alguns casos já um disco gravado. A maioria das bandas tinham qualidade duvidosa e gravações extremamente ruins. O Krisiun, porem, era diferente. A demo que me apresentaram tinha a mesma qualidade precária, porem aqui tinha algo a mais. Aqui tinha energia e músicos com muito potencial. Acabou sendo a primeira banda que o meu selo Dynamo Records colocou no estúdio para a gravação de um disco. Até hoje não dá para acreditar o que estes 3 irmãos conseguiram fazer. Em apenas 66 horas de estúdio (gravação e mixagem incluídos) entregaram o disco “Black Force Domain”, um disco que abriu o mundo para eles, um disco que eu amo escutar ate hoje.
Incrível como tem discos que marcam, em diversos estilos. Posso ainda citar discos como:
The Sisters of Mercy – “Vision Thing”
Deep Purple – “24 Carat Purple”
Supertramp – “Breakfast in America”
Dead Can Dance – “Dead Can Dance”
Enigma – “MCMXC aD”
Alan Parsons Project – “Eye In The Sky”
Slayer – “Show No Mercy”